Atualmente, estão a ser testados planos de crise de todos os tipos, a resposta dos cidadãos a medidas de contingências, a capacidade do sistema médico ou a solidariedade e empatia entre países, regiões, cidades e até bairros. Mas é também um momento de fakenews, criatividade, bom humor, flexibilidade e até tempo para passar com a família.
O coronavírus está a colocar-nos perante situações que só vimos em filmes e para as quais ninguém nos tinha preparado. Desta forma, considerando a máxima (chinesa, por sinal) de que toda crise é uma oportunidade, este coronavírus também está a ensinar-nos algumas coisas.
De como uma boa comunicação é quase metade da gestão de crises.
Percebe-se que há uma linha ténue entre não querer causar alarme desnecessário e proteger os cidadãos. Entende-se também que, nos estágios iniciais da disseminação do vírus, não haja muitas certezas, mas a gestão correta da comunicação é essencial para enfrentar uma crise destas dimensões: que as pessoas entendam e tenham empatia com a situação, pressupõem que os cidadãos estejam conscientes e prontos para assumir as responsabilidades que uma situação excepcional como esta exige.
A comunicação, ou neste caso, a “partilha de informações”, como a comunidade científica tem demonstrado, é a melhor maneira de combater qualquer ameaça.
Da digitalização das empresas para gerir o trabalho remoto.
Em algumas empresas, a prática do teletrabalho já era um processo incentivado, sendo embora, grande parte das empresas apenas o consideravam em situações ad hoc. As próprias medidas legislativas não incentivavam investimentos em digitalização e em políticas trabalhistas para promover o teletrabalho. Hoje muitas empresas têm de se adaptar a um novo formato de trabalho, para algumas o processo será mais simples para outras bem mais complexo. Para nós, já o fizemos noutras circunstâncias e como tal a transição é pacífica.
Este período vai testar em muito a dinâmica, os processos e adaptabilidade de equipas e individualmente. Acredito que muitos dos preconceitos em relação ao teletrabalho serão desmistificados, alguns serão verdadeiros sucessos outros uma dificuldade. E que passado estes tempos, se reinventarão novas e melhores formas de trabalhar.
Da responsabilidade social da empresa.
O coronavírus também nos deixará outra lição interessante, o número de viagens e reuniões dispensáveis. Ao trabalhar em rede e de forma colaborativa, não é necessário dedicar tanto tempo em deslocações que reduzem a nossa qualidade de vida e, acima de tudo, reduz a nossa pegada de carbono continuando a ser eficientes.
Não menos importantes são as outras frentes: o fator humano, a flexibilidade, a formação, a adaptabilidade, o trabalho em equipa e outras skills sociais que determinam se uma pessoa tem uma atitude, além da aptidão.
Da abordagem dos media e as redes sociais.
Haverá muitos estudos e doutoramentos sobre a forma como os media e as redes sociais estão a abordar estes tempos. O que se destaca nesta altura é que os media tradicionais ganharam uma importância enorme na partilha de informações credíveis. O crescimento das audiências dos noticiários das principais estações de televisão reflete a procura pela informação verificada e de fontes oficiais. Em Portugal, destaca-se como a hora de maior procura por informação as 12 horas, quando é transmitida a conferência de imprensa com a Direção Geral de Saúde sobre os últimos dados sobre a evolução do coronavírus.
As redes sociais mantêm o seu papel de partilha de informações, tanto oficiais, como fakenews. Aqui o medo, a insegurança e desconhecimento são terreno fértil para a proliferação de posts do mais criativo ao mais escabroso.
Do desafio em comunicar.
Nesta altura comunicar na imprensa ou nas redes sociais é um desafio enorme. As empresas e marcas debatem-se com refazer toda uma estratégia de marketing e comunicação que passa em adaptar os produtos ou serviços a uma nova realidade e de que forma se mantém o contacto com o seu público. O desafio é gigante: primeiro conseguir ter espaço e visibilidade, segundo promover os seus produtos ou serviços sem ser indiferente à situação atual, não levantando questões de oportunismo e empatia. A resposta, parece-me, passa pelo bom senso e criatividade na abordagem. Se não podemos deixar de manter a atividade empresarial temos de estar atentos à evolução e sinais que o mercado nos vai dando, alguns exemplos, a entrevista que a Bold deu à SIC Notícias sobre teletrabalho e como os seus 700 colaboradores estão a gerir projetos e dar resposta aos clientes; ou como o Continente, o Lidl e o Auchan, agradecem aos seus colaboradores por estarem a trabalhar. Estes são tempos novos que nos exigem uma elevada adaptabilidade e capacidade de reinvenção. Este é sem dúvida um período de grande aprendizagem. Estamos juntos!
*Artigo escrito em parceria com Beatriz Andrés de Mora – Art&Marketing (parceiro em Madrid)