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Espelho meu, quem sou eu na net?

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Quando acompanhamos as atualidades pelas redes sociais, vemos quão fugazes são os nossos interesses, e como num dia estamos a verter uma lágrima pelas imagens perturbadoras dos refugiados a fugir da guerra, a chegarem a um lugar cheio de esperanças e que se tornam num desafio de desumanidade e intolerância, e no outro, já nos debatemos pela gafe “intolerável” do José Rodrigues dos Santos, no telejornal da RTP1, por ter induzido a sexualidade de um deputado eleito nas legislativas.
E tão ativos somos todos nós. Nas redes sociais tudo é permitido, escondidos em perfis que nos dão a falsa sensação de confessionário onde podemos dizer tudo o que nos vai na alma, sem esperar um olhar, ou palavras críticas que se confrontem com aquilo que parecem ser as nossas razões. E se as há criam-se autênticos fóruns de disputas de ideias e de insultos. A impressão que dá é que somos pessoas atentas, informadas e intervencionistas prontas para debater sobre qualquer assunto, cheios de ideias e certezas. Mas aí é que está a questão, como é que essas pessoas agem e defendem os seus interesses? O que dizem nas redes sociais é de facto o que acabam por fazer? Os ambientalistas nunca esquecem o ecoponto? Ou os vegetarianos não se tentam com a carne? Os que criticam a VW nunca vão comprar um Golf? Os que defendem a despenalização do aborto nunca vão votar direita? O comportamento nas redes sociais é talvez o espelho mais expressivo do que o ser humano é, na sua essência. Porque no escurinho do teclado podemos libertar todo o nosso Ser. Parece-me assim que cada vez mais quem se dedica a estas coisas da comunicação tem de aprofundar o conhecimento do Ser, para antever e agir.

 

Sofia Alcobia